domingo, 6 de abril de 2014

Braga - Pelourinho

Pelourinho de Braga localiza-se na freguesia da , cidade e concelho de Braga.
Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 11 de outubro de 1933.
O que resta de sua estrutura, atualmente encontra-se exposto em um pátio da Sé de Braga.
 
 
Braga foi oferecida por Afonso VI de Castela como dote à sua filha D. Teresa, aquando do seu casamento com D. Henrique de Borgonha, que fez governador do condado de Portucale, em 1094. Os grandes senhores da vila, principais impulsionadores do seu desenvolvimento, seriam bispos e arcebispos. Em c. 1070, D. Pedro, primeiro Bispo de Braga, reorganiza a Diocese e inicia as obras de construção da Sé Catedral, e a partir de finais do século a urbe passa a desenvolver-se em seu redor. No início do séc. XVI, o Arcebispo D. Diogo de Sousa levou Braga a romper a cintura de muralhas medieval, construindo praticamente uma nova cidade, de acordo com o seu gosto esclarecido e a influência do Renascimento. Outro insigne arcebispo bracarense seria D. Frei Bartolomeu dos Mártires, cujas armas supostamente figurariam no monumento conhecido como pelourinho de Braga (E. B. de Ataíde MALAFAIA, 191997, p. 127). A cidade, também conhecida como "Roma Portuguesa" ou "Cidade dos Arcebispos", que entre o século XV e finais do século XVIII usavam o título de Senhor de Braga. Assim, a relação entre a cidade e a Igreja determinou a sua independência administrativa ao longo dos séculos, compreendendo-se que o referido pelourinho possua como decoração as armas episcopais, juntamente com as nacionais, como veremos adiante.
Existem notícias da existência de um pelourinho diante dos Paços do Concelho de Braga, fronteiros à Sé, no século XV. Este pelourinho viria a ser demolido, e recolocado no Campo de Santana (actual Avenida Central), diante dos alpendres quinhentistas onde se viriam a erguer as célebres Arcadas, por iniciativa dos moradores da zona, ainda em 1694. Em 1844, é a Câmara Municipal que o remove, desta feita para o antigo Campo dos Touros, onde permanece até 1853. A partir de então, tudo o que se conhece deste monumento são algumas peças conservadas no claustro da Sé de Braga.
Os fragmentos conservados e montados respeitam à base, troço do fuste e peça de remate do pelourinho, em granito. A base é constituída por um paralelepípedo de faces lisas, com a parte inferior talhada em molduras de secção crescente, boleadas, e as arestas decoradas com caneluras. Sobre esta assenta um curto troço do fuste, cilíndrico e liso. Sobre este está colocado o remate, ou uma parte deste. É formado por uma peça quadrangular sobreposta por outra maior, intervalada por uma moldura composta fazendo a ligação entre ambas, e por um grande bloco cúbico, com as faces decoradas com motivos heráldicos. Duas destas, opostas, exibem uma esfera armilar em meio-relevo, e as outras as armas episcopais acima referidas (na face frontal, de acordo com a actual montagem) e as armas régias.
Apesar de ser tentador considerar este pelourinho como o mesmo que se erguia, no século XV, diante da Sé e dos antigos Paços do Concelho, é de realçar que a decoração dos faciais do remate é tipicamente manuelina. Neste caso, as armas episcopais aí representadas pertencerão a D. Diogo de Sousa, que se tornou arcebispo de Braga em 1505, quando reinava D. Manuel, e havia sido capelão - mor da rainha D. Maria, mulher deste rei. Assim se explica a presença das armas junto da esfera, emblema pessoal do monarca. De resto, a consideração de que as armas episcopais pertenceriam a D. Frei Bartolomeu dos Mártires, Bispo de Braga a partir de 1559, ainda levaria a construção do monumento para datas mais avançadas, que não são concordantes nem com a tipologia dos fragmentos, nem com a restante heráldica presente
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(Fonte IGESPAR)
 
 

Braga - Igreja de S. Marcos


A fachada principal do Hospital de São Marcos e a da respectiva Igreja.



 




 



 
 
 
 
 


 


S. Marcos (As Relíquias do corpo do Apóstolo e Bispo São Marcos,encontram-se nesta igreja á veneração dos fieis).









 
A edificação do Hospital de São Marcos remonta ao ano de 1508, e deve-se à dinâmica do governo eclesiástico de D. Diogo de Sousa, cujo sentido foi posteriormente retomado, sob o governo de D. Gaspar de Bragança, que finalizou as obras e a própria mensagem iconográfica. Esta última encontra-se intimamente relacionada com a edificação de um monumento, evocativo do martírio do orago e dos restantes discípulos de Cristo, presentes na balaustrada. De facto, a leitura do apostolado (atribuído a Landim) e a sua ligação às evocações centralizadoras da planta e da fachada celebram e destacam a ligação entre o orago (o apóstolo São João Marcos) "com o Cenáculo e com os Apóstolos, seus assíduos frequentadores" (DUARTE, 1996, p. 176). Recorde-se que São João Marcos, discípulo de Cristo e evangelizador com São Paulo e São Barnabé, era o proprietário da casa onde Cristo celebrou a Última Ceia e onde ocorreu o Pentecostes. A presença em Braga das suas relíquias (o túmulo venera-se na capela-mor da igreja) e toda a controvérsia associada, não impediram que o seu culto fosse muito celebrado na cidade, e os milagres por si perpetuados eram de tal ordem que o largo da igreja, sob a sua invocação, passou a ser conhecido como Campo dos Remédios.
Mas, regressando à história do Hospital, este foi erguido no local onde existia uma ermida, pelo menos desde o século XII, dedicada a São Marcos, e ainda uma albergaria e um convento templário. Como já referimos, foi D. Diogo de Sousa quem fundou o Hospital, reunindo neste novo organismo todos os outros existentes na cidade, num esforço de centralização das instituições assistenciais de Braga, que se enquadra num quadro mental mais amplo, relacionado com "a ideologia renascentista e italianizante, pela qual o prelado se orientava" (DUARTE, 1996, p. 156). A primeira administradora do Hospital foi a Câmara Municipal, mas em 1559 essa responsabilidade foi transferida para a Misericórdia, por intervenção de Frei Bartolomeu dos Mártires.
Mais tarde, e já no século XVIII, o edifício foi objecto de uma grande ampliação, cujas obras tiveram início no claustro grande (1721-23) e enfermarias, estendendo-se, pouco depois, à igreja e ao claustro pequeno. O projecto foi concebido por Manuel Pinto Vilalobos, e executado por Pascoal Fernandes e Manuel Fernandes da Silva (este último já havia trabalhado no edifício, em 1706, numa intervenção de menor envergadura) (ROCHA, 1996, p. 157). Todavia, problemas com os desenhos levaram a que, em 1733, Carlos António Leoni apresentasse um novo projecto para a igreja e claustro pequeno, cuja concretização se prolongou, pelo menos, até à década de 1750. Sabe-se que André Soares também colaborou nesta construção, mas não foi ainda possível conhecer a extensão da sua contribuição (DUARTE, 1996, p. 158).
Esta sequência de obras, com atrasos motivados pela falta de recursos financeiros, conduz-nos, já na segunda metade do século XVIII, à figura de Carlos Amarante, cuja intervenção permanece ainda por esclarecer. É inequívoca a vontade da Misericórdia em terminar o edifício, apesar da nova igreja ter ficado concluída apenas em 1836, ano em que foi inaugurada. Todavia, não é possível perceber se Amarante concebeu um projecto de raiz ou se, pelo contrário, apenas concluiu e respeitou a estrutura pré-existente, e nesse caso, da autoria de Vilalobos. De qualquer forma, os investigadores parecem concordar nos elogios à solução encontrada, reveladora de uma forte unidade, que conjuga o templo central, de fachada convexa, com os dois blocos civis que o enquadram, numa linguagem clássica, influenciada por outras igrejas (como a de Nosso Senhor dos Passos, em Guimarães, de André Soares, ou a do convento de São Bento de Avé-Maria, no Porto) e pela tratadística francesa, mas cujo carácter barroco é inegável (DUARTE, 1996, p. 170). 
(Fonte: IGESPAR - Rosário Carvalho)

sábado, 5 de abril de 2014

Braga - Convento, Colégio e Igreja dos Congregados, também denominado «da Congregação de São Filipe Néri»

Convento, Colégio e Igreja dos Congregados, também denominado ""da Congregação de São Filipe Néri"
 
 Braga (São José de São Lázaro e São João do Souto)
Endereço : Avenida Central
 
 
No contexto das arquitecturas projectadas por André Soares, a fachada da igreja dos Congregados é aquela que o importante historiador norte-americano, Robert Smith, definiu como a sua "obra mais emocionada" (SMITH, 1973, p. 32). Na realidade, esta frontaria marca um percurso que se desenvolveu no sentido da abstracção, afastando-se das sua obras iniciais, ligadas à influência rocaille. Iniciada com a Casa da Câmara, em 1753, esta linha evolutiva carcateriza a terceira fase da carreira de André Soares, e a igreja dos Congregados é um dos seus melhores exemplos (PEREIRA, 1989, p. 456). Ainda que apenas lhe seja atribuída, pois não conhecemos documentação que permita confirmar a sua autoria.
 
 
 


 
 


























 
Contudo, a presença da Congregação do Oratório em Braga é bem anterior, remontando à segunda metade do século XVII, quando o cónego João de Meira Carrilho convidou os oratorianos a estabelecer-se na cidade (OLIVEIRA, 1988, p. 5), com a aprovação do arcebispo D. Luís de Sousa (ROCHA, 1996, p. 118). As primeiras instalações provisórias situavam-se perto da Sé, mas desde 1687 que os padres oratorianos se encontram no Campo de Sant'Ana, em acomodações que muito depressa se revelaram demasiado pequenas para o crescimento da Congregação (ROCHA, 1996, p. 118).
Nesta remodelação, foi também construída uma nova igreja, no local onde antes se erguia o oratório. Os trabalhos tiveram início em 1703, sendo a obra orientada por Manuel Fernandes da Silva (SMITH, 1973, p. 31), que foi, com certeza, o autor do projecto (ROCHA, 1996, p. 120). De acordo com os estudos recentes de Manuel Joaquim Moreira da Rocha, a "espacialidade do edifício" é característica de Manuel Fernandes da Silva, bem como determinados pormenores, entre os quais se destacam os nichos do arco cruzeiro, de tradição maneirista, conforme a sua formação (ROCHA, 1996, p. 120). Por outro lado, é evidente a monumentalidade exigida pela Congregação, bem visível na uniformidade do espaço, e ao nível das dimensões do arco cruzeiro.
Todavia, a sagração do templo ocorreu apenas em 1717, depois de estarem concluídas a capela-mor e parte da nave. Na realidade, os dados de que dispomos revelam a morosidade das obras e, no mapa da cidade, de 1750, a frontaria ainda não existia (SMITH, 1972, est. 21).
A intervenção seguinte terá sido da responsabilidade de André Soares, que trabalhou neste projecto entre 1758 e 1766, e do qual resultou uma frontaria marcada pelo eixo central, cujo verticalismo foi acentuado pelas pilastras laterais. Entre estas, rasgam-se diversos vãos de moldura ondulada, que emprestam grande tensão ao conjunto. O próprio remate do edifício denota a mesma tendência ondulada que emana dos restantes vãos e, principalmente, do janelão central, cuja forma se assemelha a uma fechadura (SMITH, 1973, p. 31). Encontramos nesta composição um gosto pelas formas maciças, em detrimento de um decorativismo mais delicado, que Soares empregou no início da sua carreira, como se pode verificar, entre outros, na denominada Casa do Raio, em Braga.
As torres que ladeiam a fachada são posteriores à intervenção de André Soares, pois não chegaram a ser terminadas. A sua conclusão ocorreu apenas no século XX, tomando como modelo as da Igreja de São Miguel de Refóios, em Cabeceiras de Basto (SMITH, 1973, p. 55).
Ainda neste complexo conventual, subsiste outra obra de André Soares - a capelinha-oratório de Nossa Senhora da Aparecida. Esta, apresenta uma planta de cruz grega, muito bem proporcionada, destacando-se o retábulo de talha dourada, muito possivelmente desenhado pelo arquitecto na década de 60 do século XVIII. A abóbada, de secção elíptica e remate de lanternim, denota "um verdadeiro exagero de ilusionismo quase guarinesco, único no seu género em todo o país" (SERRÃO, 2003, p. 271).
( IGESPAR - Rosário Carvalho)