terça-feira, 28 de março de 2017

Viseu - Paço dos Três Escalões

Museu Grão Vasco

Edificado no século XVI por D. Nuno de Noronha, foi, durante as invasões francesas, sede de aquartelamento militar e hospitalar. No século XIX foi tribunal da cidade, governo civil, biblioteca, Banco de Portugal e esquadra de polícia. A partir de 1916, passa a acolher as instalações do Museu Grão Vasco.

Quem o fundou foi Francisco de Almeida Moreira e que foi seu primeiro diretor. As pinturas de Vasco Fernandes e de outros artistas da escola de Viseu, são apreciadas pelo seu naturalismo e pelas paisagens de fundo. O tratamento da luz revela uma influência flamenga.
No terceiro piso do museu são exibidas as obras-primas que outrora adornavam um retábulo da catedral. As predominantes são um monumental São Pedro e A Adoração dos Magos, uma série de 14 painéis sobre a vida de Cristo. pensa-se que alguns dos restantes painéis são de outros artistas da Escola de Viseu. Entre outras obras-primas podem ver-se trabalhos de Gaspar Vaz, o grande rival de Grão Vasco, incluindo uma Última Ceia.
Nos pisos inferiores há obras de artistas portugueses dos séculos XIX e XX, entre os quais Columbano Bordalo Pinheiro.
Existe no Museu Nacional Grão Vasco um famoso retrato, pintado pelo artista visiense José de Almeida Furtado (o Gata), de Eugénia Cândida da Fonseca da Silva Mendes, 1.ª Baronesa da Silva. É notável pelo realismo, pois apresenta a ilustre e enérgica senhora com abundante desenvolvimento piloso facial, a justificar o apodo de a Barbuda, que lhe deram os seus adversários políticos.
O imponente edifício granítico, cujo último piso terá sido acrescentado já no séc. XVIII, mantém uma relação singular entre sobriedade e monumentalidade, sobretudo através da extensa fachada Norte, em cujo efeito cenográfico se configura e desenha a própria cidade. O projeto de intervenção de que foi objeto, entre 2001 e 2003, de autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura, libertou o interior dos muitos elementos apostos e desvirtuantes, e adaptou-o às exigências de um programa museológico novo

Francisco de Almeida Moreira nasceu a 25 de Novembro de 1873, em Viseu.
Após os primeiros estudos realizados em Viseu e por influência de seu pai e de outros familiares, ingressa no Real Colégio Militar, em Lisboa.
A par do seu percurso militar, desenvolve um particular gosto pelo desenho e uma grande sensibilidade estética, chegando a frequentar a Escola Politécnica e relacionando-se com artistas como António Ramalho e Columbano Bordalo Pinheiro.
Concluído o curso, Almeida Moreira é convocado para o Regimento de Infantaria 14 e, assim, desenvolve a sua atividade militar em Viseu, onde atinge a patente de Capitão.
Norteado pelo culto da arte e fruto das relações pessoais e profissionais que mantinha na área das artes, dedica-se ao colecionismo e à criação e organização do Museu Grão Vasco, sendo o seu fundador e primeiro diretor e apostando na sua divulgação além-fronteiras.
A 18 de Dezembro de 1939, Francisco Almeida Moreira morre, deixando à cidade de Viseu e ao país um legado importantíssimo: a sua casa particular com as suas coleções e um Museu Grão Vasco mais forte e preparado.
 


 Senhora do Leite
 



 Lamentação sobre o corpo de cristo, S. Francisco, Santo António (Vasco Fernandes c.1520 - madeira de castanho - MNAA - empréstimo temporário)
 
S. Pedro (Na predela: S. João Baptista e Santo André: S. Bartolomeu e S. Tomé (?): S. Paulo e S. Tiago) Vasco Fernandes, 1529 -colaboração de Gaspar Vaz na predela. Óleo sobre madeira de castanho. Tesouro Nacional
 



Adoração dos Magos (1ª representação de um rei Mago sul americano) retábulo primitivo da Sé de Viseu. Vasco Fernandes e Francisco Henriques, 1501-1506.

 Calvário - Vasco Fernandes e Gaspar Vaz, 1530. Óleo sobre madeira de carvalho. Tesouro Nacional




 Lamentação sobre o corpo de Cristo. António Vaz (act. 1537-1570) Óleo sobre madeira.


 Martírio de Santa Catarina (meados do século XVI)





 Nossa Senhora de Monserrate, Portugal madeira policromada século, XIV
 
 Imagem de Santa (sem atributos) Portugal, madeira policromada, século XIV-XV
 
 Imagem da Santa e São Brás (Portugal, madeira policromada século XV)
 

 Nossa Senhora da Piedade (Imagem da Porta do Soar na primitiva muralha de Viseu) Portugal (Viseu?) escultura em pedra calcária, século XV
 




 Camões e as Tágides, Columbano. Lisboa 1894.
 
No meu Atelier (Autorretrato), Columbano 1884. Óleo sobre madeira. Tesouro Nacional



Ramalho Ortigão, por Columbano



Retrato de Alda Bordalo Pinheiro de Lopes Mendonça.




Virgem com o menino

Nossa Senhora da Conceição

Santa Gertrudes

São Bento


Santa Ana e a Virgem (c.1732 Claude Joseph Laprade) Pertenceu à antiga capela Santa Ana, hoje Sé de Viseu.
 

Eugénia Cândida da Fonseca da Silva Mendes (Nelas, Canas de Senhorim, terceiro quartel do século XVIII - Viseu, 29 de Julho de 1843), 1.ª Baronesa da Silva, foi uma empresária agrícola e militante liberal portuguesa.

Filha de José António da Fonseca (Figueiró dos Vinhos, Figueiró dos Vinhos - ?) e de sua mulher Perpétua Maria Xavier (Nelas, Santar, Moreira - ?), neta paterna de Francisco Mendes Furtado (Figueiró dos Vinhos, Figueiró dos Vinhos - ?) e de sua mulher Brites Lopes da Fonseca ou Lopes da Silva (Porto - ?), e neta materna de Luís de Novais da Costa e de sua mulher Francisca Xavier.[1][2]
Foi Senhora de avultados bens e riquíssima Proprietária em Viseu, onde, com seu marido, adquiriu a grande Casa da Regueira dos Barões de Mossâmedes, a Quinta de Cabanões, etc., e que se distinguiu pelo grande concurso que prestou à Causa Liberal, por a ter auxiliado, com grande somas, entre 1826 e 1828, o que a levou à prisão pelo Governo durante o reinado de El-Rei D. Miguel I de Portugal. Consagrou-se à administração da sua grande Casa e à educação de seus netos, órfãos de pai.[3]
Desta senhora existe no Museu Grão Vasco de Viseu, um famoso retrato, pintado pelo artista visiense José de Almeida Furtado (o Gata). É notável pelo realismo, pois apresenta a ilustre e enérgica senhora com abundante desenvolvimento piloso facial, a justificar o apodo de a Barbuda, que lhe deram os seus adversários políticos.[3]
O título de 1.ª Baronesa da Silva, em sua vida, foi-lhe concedido por Decreto de D. Maria II de Portugal de 5 de Janeiro de 1837. Armas, concedidas por Carta de D. João VI de Portugal de 17 de Junho de 1825: escudo em lisonja partido, a 1.ª cortada, o 1.º da Silva e o 2.º Mendes, e a 2.ª da Costa; timbre: da Silva; coroa de Baronesa.[3][4]







 
Milho ao Sol, José Malhoa -Figueiró dos Vinhos, 1927
 
 
 
(Visita ocorrida no passado dia 23 de Março de 2017 pela AUSM, organizada pelo Drª Olga Maria e pelo Mestre Joel Cleto. Fotos de António Silva Maia. Textos de António S. Maia, Wikipédia, DGPC)
 
 
 
 
 
 

domingo, 31 de julho de 2016

18 - Igreja de S. Pedro de Rates


Igreja de S. Pedro de Rates
 

Descrição

Planta composta, de cruz latina, de três naves com quatro tramos de tamanho desigual, sendo os dois últimos, do lado da entrada principal, mais pequenos do que os restantes, transepto, abside e absidíolos redondos. A frontaria apresenta-se reforçada com contrafortes tendo, no corpo central, o portal de cinco arquivoltas assentes em colunelos com capitéis profusamente decorados. No tímpano, ostenta a figura de Cristo Pantocrator, recortado num nimbo oval e ladeado por duas figuras. Nas aduelas das arquivoltas estão representados os apóstolos e anjos enquanto os capitéis mostram animais míticos, sereias, figuras humanas disformes, máscaras e outros motivos. Sobre o portal, uma rosácea. O portal da fachada lateral S., tem arquivolta dupla, colunelos com capitéis historiados e, no tímpano, em baixo-relevo o Agnus Dei. A ábside, em hemiciclo, apresenta cinco arcadas assentes em colunas adossadas. Os absidíolos são reforçados por contrafortes. Sob a cornija corre um renque de modilhões. No INTERIOR, a nave central está separada das laterais por arcos desiguais, de volta perfeita ou quebrados, apoiados sobre robustos pilares de diferente tipologia. A cobertura das naves é de madeira. O tramo recto da ábside está coberto por abóbada de berço quebrado enquanto a zona fundeira tem abóbada em quarto de esfera.

Acessos

EN 206 (Póvoa de Varzim - Vila Nova de Famalicão), EM para Rates, lugar do Mosteiro

Protecção

MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Rural, isolado por terreiro em lajes de pedra, destacando-se das restantes construções vizinhas (constituídas por casas de habitação e instalações de apoio à paróquia).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: Estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12 / 13

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido; Arq. Rogério de Azevedo (responsável pela intervenção de 1930 / 1940).

Cronologia

Baixo Império romano - a existência de material romano (fragmentos de Sigilata Clara) à superfície nos terrenos anexos à igreja indicia a pré-existência de um estabelecimento rural baixo-imperial; séc. 9, fim / 10, início - data possível da construção do templo primitivo, pré-românico, de que ainda se registam elementos arquitectónicos avulsos; séc. 11, meados - o templo aparece já documentado, pelo que já existia uma comunidade religiosa em Rates instalada no templo de construção pré-românica; 1096 / 1100 - reedificação do templo pelos Condes D. Henrique e D. Teresa segundo um primeiro programa românico; 1100 - doação da Igreja de Rates, pelos Condes, ao priorado cluniacence de La-Charité-sur-Loire, na diocesse de Auxerre em França; séc. 12, meados - queda da abóbada da capela-mor, sua reconstrução e alteração da organização do espaço das naves segundo um novo plano; séc. 13 - nova fase de transformações ainda de fábrica românica; séc. 15 - foi extinta a comunidade monástica tendo a igreja sido transformada em priorado e entregue à Ordem de Cristo e feita comenda; séc. 17 - ampliação da capela-mor e abertura de uma fresta na capela do Rosário; séc. 18 - substituição da rosácea da frontaria por um janelão rectangular; 1814 - feitura do órgão de tubos; 1930 - a igreja encontrava-se basatante arruinada; 1930 / 1940 - demolição da capela-mor do séc. 18 e construção de nova capela-mor sobre os alicerces da primitiva e do absidíolo N.; reposição da rosácea na fachada principal; construção de nova sacristia, anexa ao alçado S. e de uma torres sineira em volume autóctone a nascente da igreja; 1939 - remoção de dois retábulos, durante as obras de remodelação, tendo sido colocados na Capela do Senhor da Praça (v. PT011313110027); 2001 - estudo de intervenção na pedra, em colaboração com a FEUP; 2004, Fevereiro - data do concurso de adjudicação para conservação de materiais pétreos.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes na nave e estrutura mista na capela-mor.

Materiais

Granito; madeira; vidro.

 

Intervenção Realizada

DGEMN: 1930 / 1940 - profunda intervenção de reabilitação e restauro, que à luz de teorias da época, procurou reconstituir o imóvel, então bastante arruinado, preenchendo as suas lacunas a partir da análise dos alicerces ou de pormenores arquitectónicos subsistentes e libertando-a de todos os elementos considerados não conformes ao seu estilo original, tendo sido apeados a torre existente sobre um dos braços do transepto, o coro de madeira e respectivo escadório, a sacristia que tapava o absidíolo N., e tendo também sido reposta a capela-mor na sua forma primitiva, e a rosácea da frontaria; 1958 - reconstrução de um púlpito em madeira de castanho velho encerado; 1972 - reparação dos estragos do último temporal; 1976 - beneficiação do telhado e portas; 1977 - trabalhos de conservação; 1978 - reparação das coberturas dos absidíolos; 1979 - reparação da cobertura da nave; 1980 - reparação da cobertura da nave colateral S.; 1982 - obras de conservação; 1984 - obras de conservação nos portais principais O. e lateral S.; 1986 - diversos trabalhos de conservação; 1988 / 1989 - reparação de telhados; 1990 - reparação da cobertura e limpeza; 1997 - peritagem e diagnóstico do estado de conservação do granito do portal principal. CMPV: 1998 - obras de infraestruturas e pavimentação do centro histórico de Rates; Março - estas obras e as sondagens arqueológicas numa extensa área a S. da igreja põem a descoberto grande número de sepulturas à superfície, um troço de calçada antiga e, junto à fachada principal, um conjunto de fundações e de muros, que poderão ser da primitiva igreja. DGEMN: 1999 / 2000 - conservação e beneficiação dos telhados e tectos, conservação dos paramentos interiores e exteriores com excepção das áreas esculpidas, muito fragilizadas ou com siglas, remodelação da instalação electrica e sonora, conservação de madeiramentos interiores e portas, restauro de vitrais, conservação da torre; 2001- remodelação da zona de celebração com execução de novo altar, ambão e porta-estandartes

 

Observações

Segundo a tradição, Pedro de Rates teria sido um dos primeiros convertidos por São Tiago na Península Ibérica. No tempo do imperador Calígula, São Tiago sagrara Pedro como bispo de Braga e ter-se-ia fundado uma pequena comunidade religiosa em Rates, onde viria a sofrer martírio e receber sepultura. A igreja actual foi construída por iniciativa dos Condes D. Henrique e D. Teresa segundo uma planta de três naves, cinco tramos e transepto. Posteriormente, verificou-se um primeiro reajustamento no sentido do modelo do plano beneditino português para igrejas de três naves. Esta transformação não terá sido levada até ao fim, procurando-se então conjugar as duas plantas o que esteve na base de numerosas anomalias e irregularidades visíveis na estrutura dos pilares, na distribuição das colunas ao longo dos muros, na colocação das frestas sobre o arranque dos pilares, na aplicação dos contrafortes, bem como na falta de uniformidade dos alçados (REAL 1982 / 14 - 15). *1 - Devido ao estado de deteorização da pedra torne-se difícil ou mesmo impossível a leitura de alguns pormenores escultóricos.

Autor e Data

Isabel Sereno / Paulo Dordio 1995

Actualização

Paula Noé 1998 / Maria Guimarães 2001