domingo, 31 de julho de 2016

18 - Igreja de S. Pedro de Rates


Igreja de S. Pedro de Rates
 

Descrição

Planta composta, de cruz latina, de três naves com quatro tramos de tamanho desigual, sendo os dois últimos, do lado da entrada principal, mais pequenos do que os restantes, transepto, abside e absidíolos redondos. A frontaria apresenta-se reforçada com contrafortes tendo, no corpo central, o portal de cinco arquivoltas assentes em colunelos com capitéis profusamente decorados. No tímpano, ostenta a figura de Cristo Pantocrator, recortado num nimbo oval e ladeado por duas figuras. Nas aduelas das arquivoltas estão representados os apóstolos e anjos enquanto os capitéis mostram animais míticos, sereias, figuras humanas disformes, máscaras e outros motivos. Sobre o portal, uma rosácea. O portal da fachada lateral S., tem arquivolta dupla, colunelos com capitéis historiados e, no tímpano, em baixo-relevo o Agnus Dei. A ábside, em hemiciclo, apresenta cinco arcadas assentes em colunas adossadas. Os absidíolos são reforçados por contrafortes. Sob a cornija corre um renque de modilhões. No INTERIOR, a nave central está separada das laterais por arcos desiguais, de volta perfeita ou quebrados, apoiados sobre robustos pilares de diferente tipologia. A cobertura das naves é de madeira. O tramo recto da ábside está coberto por abóbada de berço quebrado enquanto a zona fundeira tem abóbada em quarto de esfera.

Acessos

EN 206 (Póvoa de Varzim - Vila Nova de Famalicão), EM para Rates, lugar do Mosteiro

Protecção

MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Rural, isolado por terreiro em lajes de pedra, destacando-se das restantes construções vizinhas (constituídas por casas de habitação e instalações de apoio à paróquia).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: Estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12 / 13

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido; Arq. Rogério de Azevedo (responsável pela intervenção de 1930 / 1940).

Cronologia

Baixo Império romano - a existência de material romano (fragmentos de Sigilata Clara) à superfície nos terrenos anexos à igreja indicia a pré-existência de um estabelecimento rural baixo-imperial; séc. 9, fim / 10, início - data possível da construção do templo primitivo, pré-românico, de que ainda se registam elementos arquitectónicos avulsos; séc. 11, meados - o templo aparece já documentado, pelo que já existia uma comunidade religiosa em Rates instalada no templo de construção pré-românica; 1096 / 1100 - reedificação do templo pelos Condes D. Henrique e D. Teresa segundo um primeiro programa românico; 1100 - doação da Igreja de Rates, pelos Condes, ao priorado cluniacence de La-Charité-sur-Loire, na diocesse de Auxerre em França; séc. 12, meados - queda da abóbada da capela-mor, sua reconstrução e alteração da organização do espaço das naves segundo um novo plano; séc. 13 - nova fase de transformações ainda de fábrica românica; séc. 15 - foi extinta a comunidade monástica tendo a igreja sido transformada em priorado e entregue à Ordem de Cristo e feita comenda; séc. 17 - ampliação da capela-mor e abertura de uma fresta na capela do Rosário; séc. 18 - substituição da rosácea da frontaria por um janelão rectangular; 1814 - feitura do órgão de tubos; 1930 - a igreja encontrava-se basatante arruinada; 1930 / 1940 - demolição da capela-mor do séc. 18 e construção de nova capela-mor sobre os alicerces da primitiva e do absidíolo N.; reposição da rosácea na fachada principal; construção de nova sacristia, anexa ao alçado S. e de uma torres sineira em volume autóctone a nascente da igreja; 1939 - remoção de dois retábulos, durante as obras de remodelação, tendo sido colocados na Capela do Senhor da Praça (v. PT011313110027); 2001 - estudo de intervenção na pedra, em colaboração com a FEUP; 2004, Fevereiro - data do concurso de adjudicação para conservação de materiais pétreos.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes na nave e estrutura mista na capela-mor.

Materiais

Granito; madeira; vidro.

 

Intervenção Realizada

DGEMN: 1930 / 1940 - profunda intervenção de reabilitação e restauro, que à luz de teorias da época, procurou reconstituir o imóvel, então bastante arruinado, preenchendo as suas lacunas a partir da análise dos alicerces ou de pormenores arquitectónicos subsistentes e libertando-a de todos os elementos considerados não conformes ao seu estilo original, tendo sido apeados a torre existente sobre um dos braços do transepto, o coro de madeira e respectivo escadório, a sacristia que tapava o absidíolo N., e tendo também sido reposta a capela-mor na sua forma primitiva, e a rosácea da frontaria; 1958 - reconstrução de um púlpito em madeira de castanho velho encerado; 1972 - reparação dos estragos do último temporal; 1976 - beneficiação do telhado e portas; 1977 - trabalhos de conservação; 1978 - reparação das coberturas dos absidíolos; 1979 - reparação da cobertura da nave; 1980 - reparação da cobertura da nave colateral S.; 1982 - obras de conservação; 1984 - obras de conservação nos portais principais O. e lateral S.; 1986 - diversos trabalhos de conservação; 1988 / 1989 - reparação de telhados; 1990 - reparação da cobertura e limpeza; 1997 - peritagem e diagnóstico do estado de conservação do granito do portal principal. CMPV: 1998 - obras de infraestruturas e pavimentação do centro histórico de Rates; Março - estas obras e as sondagens arqueológicas numa extensa área a S. da igreja põem a descoberto grande número de sepulturas à superfície, um troço de calçada antiga e, junto à fachada principal, um conjunto de fundações e de muros, que poderão ser da primitiva igreja. DGEMN: 1999 / 2000 - conservação e beneficiação dos telhados e tectos, conservação dos paramentos interiores e exteriores com excepção das áreas esculpidas, muito fragilizadas ou com siglas, remodelação da instalação electrica e sonora, conservação de madeiramentos interiores e portas, restauro de vitrais, conservação da torre; 2001- remodelação da zona de celebração com execução de novo altar, ambão e porta-estandartes

 

Observações

Segundo a tradição, Pedro de Rates teria sido um dos primeiros convertidos por São Tiago na Península Ibérica. No tempo do imperador Calígula, São Tiago sagrara Pedro como bispo de Braga e ter-se-ia fundado uma pequena comunidade religiosa em Rates, onde viria a sofrer martírio e receber sepultura. A igreja actual foi construída por iniciativa dos Condes D. Henrique e D. Teresa segundo uma planta de três naves, cinco tramos e transepto. Posteriormente, verificou-se um primeiro reajustamento no sentido do modelo do plano beneditino português para igrejas de três naves. Esta transformação não terá sido levada até ao fim, procurando-se então conjugar as duas plantas o que esteve na base de numerosas anomalias e irregularidades visíveis na estrutura dos pilares, na distribuição das colunas ao longo dos muros, na colocação das frestas sobre o arranque dos pilares, na aplicação dos contrafortes, bem como na falta de uniformidade dos alçados (REAL 1982 / 14 - 15). *1 - Devido ao estado de deteorização da pedra torne-se difícil ou mesmo impossível a leitura de alguns pormenores escultóricos.

Autor e Data

Isabel Sereno / Paulo Dordio 1995

Actualização

Paula Noé 1998 / Maria Guimarães 2001

 

 

 

 

 









 















































 

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